Por Pedro Paulo Rosa
Foto: Arquivo pessoal do entrevistado
Marcos Hasselmann traduz na sua voz a potencialidade do ser sensível que é. De Niterói, ele agora ganha o mundo com o seu show "Sala de Estar", ao lado do conceituado e sensível maestro Osmar Barutti. Com apreço ao jazz e música clássica, Hasselmann não deixa de lado as suas raízes juvenis, quando subia os morros niteroienses em busca de um bom samba e do seu cavaquinho. Unindo cordas e ar, o samba jazz de Marcos Hasselmann e Osmar Barutti faz com a música uma alquimia de muito bom gosto. O cantor separou um pouco do seu tempo e conversou com O HÉLIO. O músico não esconde da onde vêm tanta inspiração: do grande amor e saudade que sente pelo pai. E da sua infinita admiração pela música.
O HÉLIO: Como foi
sua infância?
MARCOS HASSELMANN – Tive
uma infância deliciosa. Morávamos numa casa confortável, onde tinha muitos
amigos. Estudava em um colégio muito bom. Da infância, trago ótimas recordações
dos dias de sol na prainha da casa dos meus avós, com meus primos, que eram
muitos. Brincando, pescando, nadando... também me lembro de tentar dar uma de
jardineiro com o meu avô. Ele era um cara muito especial pra mim e adorava
ouvir as histórias que ele contava.
O HÉLIO: O primeiro encontro com a musicalidade se deu de que maneira, se você pudesse mapear?
O HÉLIO: O primeiro encontro com a musicalidade se deu de que maneira, se você pudesse mapear?
MARCOS: Quando era menor, passava em frente a umas lojas de instrumentos musicais no centro da cidade e ficava vidrado nos violões; adorava o cheiro deles. Era uma coisa que me atraía muito. Aliás, para mim tudo tem cheiro. Sempre tem cheiro ligado a uma situação, época, música. Pedia à minha mãe que comprasse violão pra mim toda hora. (RISOS) Até que um dia ela me deu um. Foi aí que tudo começou. Antes, ouvia música; cantava algumas, mesmo em inglês que eu não falava naquele tempo.
O HÉLIO: Você ao mesmo tempo que curte um jazz, ama um cavaquinho. Conta.
MARCOS: Sempre ouvi de tudo. Tinha
acesso a todo tipo de música. Faço aniversário em janeiro, aí, já viu, pedia LP
de presente. Então, minhas férias eram ao som do
LP ganhado no aniversário. Adoro samba, meus pais sempre ouviam discos de samba
enredo. Clara Nunes direto, Alcione, Beth Carvalho...além dos internacionais. Tive
um professor de violão que me ensinava músicas do tempo dele; nesse sentido,
pude ter acesso às músicas de serestas, caipiras etc. Foi com este professor
que também tive a oportunidade de cantar e tocar nos saraus de fim de ano. Minha mãe também canta super bem; é muito
gostoso subir ao palco com ela.
O HÉLIO: De que maneira a música lhe transporta?
MARCOS: Isso é muito interessante. Para
mim tudo é música. Tudo tem música e cheiro; e
quando estou cantando, fecho os olhos e me deixo levar pelos sentimentos que a
música está passando. É uma viagem.
O HÉLIO: Quem você
destacaria, na sua família ou fora dela, como um dos seus principais
incentivadores?
MARCOS: Meus pais, sem dúvida nenhuma.
O HÉLIO: Assumir-se cantor é abrir o peito. Exige muita coragem num mundo tão programado. Tá preparado para isso?
MARCOS: Nascer é o maior desafio. Não temos noção do que vamos passar e mesmo assim nos esforçamos para nascer. Pra mim, cantar é viver. E pra isso tenho muita coragem.
O HÉLIO: Como se deu a parceria com o maestro Osmar Barutti?
MARCOS: Nos conhecemos faz quatro
anos, quando fui convidado para o “Programa do Jô” por causa de um incidente
engraçado que aconteceu comigo. Quando me
convidaram, topei e falei que era cantor e que gostaria de cantar no programa. Aí, mandei uma MP3 minha cantando uma música
muito difícil chamada Moody’s mood. O
maestro, quando me ouviu, gostou muito e me convidou para dar uma canja num
show dele com o Bira em Campinas (SP). Fiquei muito honrado e feliz. Fui, né?
(RISOS). Tempos depois, fiz contato com ele e resolvemos montar este show, o “Sala de estar”.
Marcos Hasselmann com amigos. Com ele, estão Osmar Barutti e Bira |
O HÉLIO: Pode falar um pouco sobre o conceito que estão construindo para o show de vocês?
MARCOS: O que queremos é mostrar boa
música para as pessoas. É basicamente isso. Criamos a nossa sala de estar para
trazer o público para o nosso mundo musical. Para as músicas que ouvimos.
O HÉLIO: Dentre várias coisas, qual a principal que sente que seu pai lhe pontuou? O que diria a ele naquele seu primeiro show lotado?
MARCOS: Meu pai me ensinou a sonhar.
Me ensinou a enxergar a vida e as pessoas com os olhos do coração.
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