quinta-feira, 18 de outubro de 2012

PEDRO PAULO ROSA: ECOS PELO MUNDO




Por Bia Willcox 

Foto: Divulgação 

Pedro Paulo Rosa, jornalista, escritor. Adolescente idoso e homem brincalhão. Lança, agora, seu segundo livro, O Eco da Girafa (editora Faces, 2012). Pela primeira vez na história do blog O HÉLIO, os papeis se invertem. Bia Willcox, jornalista e dona da Editora Faces, troca de papel com Pedro e se torna sua entrevistadora.



BIA WILLCOX: Tudo bem, Pedro?


PEDRO PAULO ROSA: Tudo bem, Bia?

Bia: Pedro, você estuda História ( na UNIRIO) e atua como jornalista, produtor de vídeos, produtor de eventos dentre outros. Qual o tamanho da formação acadêmica na sua vida?

Pedro: Olha, excelente pergunta...A academia só me traz coisas boas, coisas que incrementam a minha percepção de mundo e os meus olhares pela vida e pelos encontros. Valorizo muito essa coisa da coincidência. Tento observar o caminho da coincidência na minha vida e na vida de cada pessoa. E acho que isso monta um repertório, na maioria das vezes, bonito, no final de tudo. E isso vira literatura, isso vira academia, vira livro.

Bia: Vejo você como um auto-didata. Na verdade, acho que a academia faz o papel de provocar.

Pedro: Exatamente.

Bia: Você lança o seu livro hoje, dia 16 de outubro, O Eco da Girafa. Que metaforiza questões profundas e delicadas das relações sociais e humanas. Que ecos são esses que você quer propagar?

Pedro: Na verdade, são ecos de incômodo pelo mundo que a gente vive. A humanidade acaba sendo um plano falido se a gente olhar pela perspectiva de que a gente viveu enormes e diferentes civilizações e, até hoje, a gente não conseguiu uma harmonia mais plena. Enfim, é um olhar romântico mesmo para o mundo e eu não tenho vergonha de dizer isso. São ecos de incômodo pelo mundo em que a gente está vivendo; ecos de admiração também por esse mundo. Na verdade, é uma chamada pras pessoas que estão ligadas a um palmo além dos seus umbigos. O Eco da Girafa é para essas pessoas.

Em primeiro plano, a editora Bia Willcox e o escritor Pedro Paulo Rosa


Bia: Eu digo, Pedro, que o mundo é dividido numa grande maioria que vai vivendo e numa minoria que acredita que pode mudar o mundo. Você se enquadra nessa minoria?

Pedro: Com certeza (risos).

Bia: O Eco seria, então, a sua arma?

Pedro: É a minha arma.

Bia: Objetivamente falando, seu livro é fácil de ler. Conciso, objetivo, direto ao ponto, o que o torna acessível a diversos grupos de leitores. Foi de propósito?

Pedro: Foi. Foi totalmente de propósito, muito por conta do que ouvia algumas pessoas dizerem do meu primeiro livro, O HÉLIO. Algumas pessoas disseram que é um romance muito pesado. Discordo, mas cada um esboça o que quer. Fiz O Eco pensando mesmo em agregar as diferentes pessoas, idades, pensamentos, coletivos.

Bia: É engraçado, muito interessante você ter usado a palavra eco. Sinto que o livro O Eco da Girafa tem essa coisa de "vamos espalhar esse ideal". E quando você vê o formato do livro, percebe que a tua palavra chega a todo mundo. Bem, o livro hoje costume ter desdobramentos midiáticos. Conquista outros públicos, assume outras linguagens. Algum palpite para O Eco da Girafa?

Pedro: Olha, acho que O Eco da Girafa tem todo potencial, acho que os leitores vão poder dizer isso melhor do que eu. Depois que o reli inteiro, acho que é uma obra que tem todo potencial para se tornar uma peça teatral.

Bia: Uma peça infanto-juvenil?

Pedro: É... depende da leitura. O livro também tem coisas muito adultas. Daria também um bom musical.

Bia: Em parceria com alguns compositores brasileiros, né? ... Bom, fica a ideia. Algum recado para hoje?

Pedro: O recado que eu tenho pra dar é pras pessoas que possam e queiram comparecer, compareçam pra gente tomar um pouco de vinho e refrigerante e compartilhar dessas ideias que nada mais são do que tentativas de uma nova maneira de se comunicar, de se encontrar e fazer cultura na cidade.

Bia: Pedro, vão ter outras sessões de autógrafos, não é?

Pedro: Sim, dia 27 de outubro, um sábado. Vai ser no Espaço Lunático, ali na rua Visconde de Carandaí, 6. No Jardim Botânico, Rio de Janeiro. Ao longo do lançamento vai ter um show da banda Gambiarra, da Hanna Halm; é uma banda jovem também e uma excelente banda. Enfim, e vai tá fazendo música pra gente junto com literatura. Café Lunático, do Gustavo Falcão. Todo mundo convidadíssimo. A partir das 17 h até umas 22 h.

Bia: Valeu, Pedro, até lá, então!

Pedro: Obrigado, Bia.


Você também pode escutar a entrevista acima no seguinte link:





Outras matérias relacionadas:
O Globo - http://oglobo.globo.com/zona-sul/pedro-paulo-rosa-eco-do-jovem-criador-6361427
Nícolas Queiros - http://nicolasqueiros.blogspot.com.br/2012/09/o-eco-da-girafa-pedro-paulo-rosa.html
Jornal do Brasil on line - http://www.jb.com.br/heloisa-tolipan/noticias/2012/10/07/o-eco-da-girafa-mostra-talento-de-jovem-escritor-apadrinhado-por-caco-ciocler/
Leitura Subjetiva - http://www.leiturasubjetiva.com.br/2012/09/escritor-brasileiro-lanca-livro-de.html
Fernando Saúde - http://fernandosaude.blogspot.com.br/
Jornal O EXTRA - http://extra.globo.com/noticias/rio/pedro-paulo-rosa-eco-do-jovem-criador-6361544.html

Onde comprar?

www.editorafaces.com.br - http://www.editorafaces.com.br/o-eco-da-girafa/

Livraria da Travessa - http://www.travessa.com.br/Busca.aspx?d=1&cta=1&tq=O%20Eco%20da%20Girafa




terça-feira, 9 de outubro de 2012

DANIEL LOPES: DESCOBERTA DA BELEZA




Daniel Lopes conversa com O HÉLIO sobre seu atual trabalho na área da música. O CD BONITO é, de fato, uma obra de arte sensível e para ouvidos apurados, que fecham os olhos ao escuro belo do som. Publicitário e músico, Daniel Lopes congrega as duas atividades com aparente calma. Em seu leque de influências musicais, ele destaca o compositor e cantor Leoni (que já conversou também com O HÉLIO) e Tom Zé.
 
O HÉLIO: Conta um pouco do seu arrebatamento primeiro com a música. Pensava em alguma outra profissão totalmente diferente antes?

DANIEL LOPES: Minha iniciação na música começou aos 5, 6 anos de idade, através do meu pai que tocava violão, e tinha muitos discos… quando tinha 6 anos ganhei um tecladinho casiotone e descobri que conseguia tirar melodias de ouvido. A força das melodias e harmonias sempre foram essenciais pra mim, e me chamava a atenção os sentimentos distintos que os acordes podiam passar… Mas nunca tinha me interessado em tocar profissionalmente, coisa que foi acontecendo paralelamente enquanto cursava publicidade. Acabei abrindo uma produtora de áudio para publicidade, conciliando as duas carreiras, musical e publicitária, e até hoje atuo nos dois universos.
     

O Hélio: Se você pudesse pontuar o que mais peculiar tem em Bonito, o que pontuaria? 

DANIEL: Minha busca pessoal pela descoberta da beleza… o que representa o belo pra mim. 

O Hélio: Como foi a escolha desse nome? O Daniel é uma pessoa muito conectada aos sentidos e significados da palavra (risos)?

DANIEL: Tive essa ideia na mesma época em que viajei pra Bonito (MS) pra fazer um show. Esse nome é muito provocante e ficou na cabeça. Pode revelar modéstia, no sentido de não se auto-definir como excepcional ou fantástico, ou pretensão por propor uma qualificação que não deveria partir de mim, e sim de quem consome a obra. De qualquer maneira, acho que a palavra define muito minha intençao, ou o que eu gostaria de alcançar ao compor essas musicas. Nesse caso, o significado da palavra , ou os muitos significados da palavra, foram muito importantes.

O Hélio: Lendo sobre seu trabalho e te escutando, é impossível não ir para um lugar de paz, de mantras mas também de choques melódicos de bom gosto. Fala um pouco disso.

DANIEL: Uma vez ouvi o Tom Ze falando sobre o conceito "música da natureza". Dizia ele (modestamente demais, aliás!) que fazia música com o racional, com o pensamento, por não possuir o dom da "musica da natureza". Eu achei aquilo muito curioso, e pensei em quem estaria no outro extremo: Debussy? Mozart?. Nao sei se esse conceito é pertinente, mas busquei essa ideia da música da natureza na tonalidade, nos modos... nos significados embutidos em todos nós culturalmente a cada acorde. A tal busca do belo… harmonias, sensações… é por ai.



O Hélio: Quais os novos desafios que esse novo trabalho deseja transpor?

DANIEL: É um disco de música delicada… Gostaria muito que nos tempos de informação excessiva e frenética algumas pessoas achassem o tempo pra apreciar algo que não grita e não berra… que esta ali pelos detalhes.

O Hélio: De que maneira avalia o atual ambiente de produção musical brasileira, Daniel? 

DANIEL: Muita gente muito boa produzindo... Muita gente mesmo. E ao mesmo tempo, sinto falta de um crescimento de público… Parece algo inversamente proporcional, infelizmente.

O Hélio: O que ainda precisa ser dito pela MPB? Aliás, considera a sua música MPB?

DANIEL: Não sei se ela ainda precisa dizer algo. Talvez você se refira à tradição política dos festivais, dos dribles à censura.  Hoje, acho que MPB incorporou a música globalizada do mundo. Talvez não fale mais de sua própria tribo.  De qualquer forma, por ser tão ampla, sempre aparece alguém  novo, como o Criolo falando da periferia de São Paulo. Criolo é MPB? Pode ser… é um rótulo onde cabe muito. Então, no meu caso, posso ser MPB pra alguns, e pra outros não…  não me preocupo muito com isso.
    
O Hélio: Me conta de uma referência forte na sua carreira. Seja ligada à música ou não.

DANIEL: Leoni é uma referencia fortíssima pra mim. Um cara que não é valorizado como deveria, aliás… Um compositor voraz, que não  para nunca. Compõe por necessidade. E assistir isso de perto por alguns anos foi inspirador pra mim.

O Hélio: O vazio, o silêncio, são elementos que lhe ajudam no processo de composição?

DANIEL: Mais do que o silêncio, a solidão pra mim é importante… Bonito foi composto quando eu morava sozinho, num apartamento como uma varanda grande, em um andar baixo. A nostalgia do barulho dos carros passando era uma constante. Gravei esse som no celular e usei em "Medo de Avião".



O Hélio: Um recado para quem ainda não teve a bela experiência de conhecer o seu som.

DANIEL: Conheça!  É um disco verdadeiro, de vida exposta. Se você embarcar nele, ele vai te fazer bem.

O Hélio: Agenda. 

DANIEL: 9 de outubro, as 20h30 na Miranda (RJ) no projeto PatuÁ
Novembro em SP e MG.