terça-feira, 26 de julho de 2011

Banda BLACK VIPER - a amizade faz Rock

Por Pedro Paulo Rosa
Foto: Divulgação
Revisão Textual: Paulo Cappelli




Após algumas tentativas de estabelecer uma banda de rock diferenciada e com uma equipe bacana, coesa, Cristiano Gadelha junta-se aos seus amigos de escola para formar um novo trabalho: a Black Viper. Banda inspirada no hardrock, passando pelas influências várias das vertentes do rock e também da musicalidade brasileira, eles flertam bem com o trabalho conjunto, sendo o processo de composição da banda algo democratizado, construído mão a mão entre o Cris (Cristiano Gadelha), o baixista ( Henrique ou Baiano), o bateirista (Frederico Beltrão) e o guitarrista ( Esteban ).


Todos oriundos do bairro de Copacabana, Rio, eles conversam com O HÉLIO e comentam como é se lançar com rock num ambiente tão "sambístico" e alegre; falam das suas já consolidadas conquistas - 38 mil views no myspace, primeiro lugar no ranking deste site das bandas mais ouvidas, além de ganhadores do prêmio " a banda do mês de Junho", do site Rio Rock Zone. Com público eclético em nacionalidade, o quarteto afirma produzir um som simples e elaborado e mostra que o rock é de muitos ouvidos.

Por que o Rock como marca de trabalho?

Cris: Todo mundo aqui gosta de rock. Nós quatro estudamos no mesmo colégio, o Sagrado Coração de Maria. Anos depois, nos reencontramos e a vontade de tocar junto também veio junta.

Frederico: O bacana do rock é que você pode colocar qualquer coisa nele, misturar, que o som acaba saindo bom de ouvir. Dá muita abertura. A gente, por exemplo, já colocou baião dentro do rock. O Brasil tem uma bagagem musical excelente.

A gente está em Copacabana, bairro rotulado como bairro do samba. Como vocês enxergam a produção de outros gêneros aqui em Copacabana?

Cris: Aqui tem vários barzinhos com a galera produzindo música, mesmo que seja mais animada.


CRISTIANO, vocalista da Black Viper

Esteban: Na verdade, colocando a gente como exemplo, é muito difícil recebermos convite de algum show para fazer aqui no bairro. A procura é por outros estilos.

Frederico: Aqui não tem uma festa sequer que o estilo seja rock em sua maioria.

Esteban: A gente acaba tendo que sair para outras cidades, outros estados para tocar. Aproveitar festivais e tudo o mais.

Cris: Nós somos de Copacabana e ainda não conseguimos tocar aqui. (RISOS)

Frederico: O Rio é uma cidade que gera inspiração. Aqui, qualquer estilo se encontra.

Qual outro lugar da cidade acolhe mais o rock?

Cris: Baixada Fluminense.

Frederico: Duque de Caxias, Nova Iguaçu...


FREDERICO, baterista da banda


Já tiveram um show marcante na Black Viper?

Cris: Olha, o último show que fizemos em Botafogo foi bem legal.

Frederico: Na verdade, essa formação da Black Viper, só fizemos dois shows. Esse segundo foi melhor que o primeiro.

Esteban cita o evento MotoRock, no qual ele teve oportunidade de tocar. Diz que nesse local há um público grande, um evento bem organizado.

Vocês pretendem voltar a esse evento do MotoRock?

Cris: Se o ENEM deixar... (RISOS)

Vocês tem alguma meta para a Black Viper?

Frederico: Antes de mais nada, nós queremos nos divertir.

Esteban: A gente começou meio que no instinto mesmo. As pessoas gostaram do nosso trabalho, e isso nos motiva a continuar.

Frederico: Nossa preocupação primeira é se divertir mesmo. Fazer nossa música porque as pessoas gostam. Acho que você não pode forçar a barra em função social. Acho que a gente, com 19, 20 anos de idade não temos nada para protestar por enquanto, nem experiência para isso.

Cris: Eu tenho o que protestar: os bueiros da Light! (RISOS)

E a meta como músico?

Baiano: Sendo muito sincero, eu nunca achei que nós fossemos entrar numa banda para subir. O que difere a Black Viper das outras bandas é que o nosso laço é muito forte, nós somos muito amigos. A gente nunca nem chegou perto de briga. Isso fortalece nossas bases. O primeiro ensaio da formação inicial já foi bem bacana, excitante eu diria.

Cris: É verdade, tudo ficou tão certinho. Aí a gente disse: é, vamos fazer.

Baiano: Você não sabe o orgulho que é entrar no myspace e ver que 48% dos seus ouvintes estão na Califórnia. Para mim, aquilo foi emoção em dobro, maior do que qualquer grana.

Frederico: E quando a gente fala que o principal é nos divertir, quer dizer também que qualquer coisa que vier, é lucro. Claro que há a questão da ordem prática: o dinheiro. A gente tem gastado bastante coisa. Seria bom ter um retorno (RISOS).

E sobre algumas declarações de pessoas que ainda taxam a figura “roqueiro” como vagabundo, drogado, agressivo?

Frederico: Olha, isso não se encaixa para nós. A banda é totalmente tranqüila, alegre. Roqueiros não só se matam ou berram.

Cris: Quanto às drogas, eu sou viciado em coxinhas de galinha (RISOS)

Baiano: A nova cara da Black Viper é muito paz e amor. Eu ficava muito chateado, particularmente, quando tinha cabelo grande. Se você tem cabelo grande e curte rock, é maconheiro. As pessoas carimbam logo. Isso é muito chato.

A escolha do figurino da banda passou por essa ideia de trazer uma sobriedade diferente do que geralmente se vê na vestimenta rock?

Baiano: Nossa primeira ideia foi tirar foto em posto abandonado dentro de uma kombi. Mas, isso seria obvio.

Esteban: Na verdade, foi tudo inesperado, inclusive o lugar em que nós tiramos as fotos.

Frederico: Era para dar tudo errado, mas no final deu tudo certo.

Cris: No começo, a gente ia tirar as fotos no prédio que o Eike Batista comprou lá na Praia do Flamengo. Mas, fomos barrados pelos seguranças.

Frederico: Aí, a gente foi obrigado a tirar as fotos no Aterro do Flamengo. E ficou bom! Fugimos do soturno.

Como é que vocês se classificariam dentro das vertentes do Rock, se é que isso é possível de mensurar?

Baiano: Eu, particularmente, tenho uma vertente metal muito forte. Tirando o Fred, o Cris e o Esteban também bebem dessa fonte. Eu considero a banda Black Viper como hardrock. Não chegamos a ser metal, mas é um quase metal.

Cris: Eu sinto que a gente é uma banda de hardrock. Mas, não um hardo rock clássico estilo Van Halen, entende? As pessoas até confundiam isso no começo. Deixava claro que a gente tocava outras coisas.

Esteban: Eu sempre toquei metal, mas é claro que outras influências se misturam. A nossa proposta é muito diferente. Nunca toquei nada parecido.

Baiano: A prova de que a Black Viper não é metal é que conseguimos agradar todos os tipos de ouvidos. Minha avó gosta da Black Viper! Metal não agrada a muitos, sabe? Em termos de massa quero dizer.

Frederico: Acho que a gente agradou a muitos porque nossa música é simples, direta. E bonita. Parece complexa, mas não é. É um simples elaborado.

Como é o processo de composição de vocês?

Baiano: Sendo bem sincero, as nossas duas músicas devemos muito ao Cris (vocalista). Ele foi o criador dos hits principais, mas as músicas acabam tendo a cara de todos os integrantes.

Cris: As músicas da primeira banda (Speed King) eram muito diferentes. Eu nem considero aquilo música compartilhada, porque só eu que metia a mão e fazia. Com todo respeito aos caras da banda. Agora, quando a banda foi refundada e se tornou Black Viper, a coisa mudou. Cada um de nós dialoga e interfere no processo de composição.

Mas, como é que você constrói a letra, Cris?

Cris: Eu começava a escrever sobre qualquer assunto no caderno do colégio mesmo. Isso nas primeiras composições. Eu também estava de saco cheio de toda a banda que formava sair gente. Isso cansa. Então, minhas primeiras composições tinham a ver com essas angústias e com o desejo de querer tocar o que eu gosto com um grupo realmente formado. Isso sempre foi um sonho. Aí, fiz uma letra sobre isso. Agora, atualmente, o meu processo de composição é com todo mundo.



BAIANO, o baixista.

Esteban: Acho que o que mudou foi isso. O Cris fazia tudo no processo de composição. Agora, todo mundo desenvolve tudo.

Cris: E eu nunca quis ter carreira solo. Agora, nós somos o solo. (RISOS)

Esteban: Ninguém aqui tem pretensão de ser algo mais do que o outro.

E a visão de que o bateirista e o baixista não são os mais importantes da banda?

Frederico: Isso me irrita profundamente. Não existe nenhuma banda, em qualquer parte do mundo, que não tenha uma base rítmica que flerte com a bateria e com o baixo. Até o cara do violão clássico vai precisar. Tem pessoas que tocam bateria e tem pessoas que são bateristas. Tem muita gente que faz barulho e não faz música. O baterista, no seu verdadeiro ofício, é a base rítmica da banda.

Baiano: E sobre o baixo, muita gente vem me perguntar: “onde é que está o baixo?” Eu dou sempre o meu exemplo do barco. A guitarra, o teclado e o vocal ficam no convés do barco – que todo mundo vê. A bateria está no motor do barco. E o baixo, onde fica? Ele não está no barco, ele é o oceano – rodeia a banda. Se você tirar o grave, o seu agudo se distorce.

Frederico: Exatamente. Tudo precisa estar ali, nada é por acaso. Uma coisa que eu admiro numa banda é quando o baixo e a bateria ficam casadinhos. Foi o que eu disse lá trás, o rock é um estilo que você pode colocar muita coisa nele. Samba, saxofone (a exemplo, o Pink Floyd com saxofone, que é maravilhoso). Você juntar o folk com rock também fica maravilhoso.

Como vocês analisam os fenômenos Restart, Luan Santana?

Frederico: Acho que é o fordismo musical, daqui a pouco passa.

Cris: Bem, na minha visão são fenômenos do momento, sabe?

Frederico: Isso é produção em massa musical. Pega uns caras bonitinhos e que tocam alguma coisa. Acho uma coisa sem originalidade. Muito óbvio.

Cris: E não precisa ser óbvio para atrair pré-adolescentes. Eu mesmo recebi um email de uma menina de São Paulo de 13 anos que elogiou muito a nossa banda.



ESTEBAN, guitarrista

Frederico: Esses fenômenos são totalmente voltados para o mercado. Se daqui a alguns anos eles sumirem, aí terei certeza de que foram só linha de produção, só fordismo musical. Mas, caso eles perdurem, vão ter algum valor sim que a gente ainda não conseguiu ver.

Rock brasileiro. Como analisam?

Esteban: Nós como banda não nos identificamos, não temos como influência o rock nacional.

Baiano: A música do rock nacional é muito boa, embora não nos agrade como influência. Conseguir se firmar com música no Brasil é muito complicado. Não só o rock nacional, como a MPB tem o seu valor absoluto.

Cris: Acho que o rock nacional vive um momento meio capenga. Porque o público do rock, aqui no Brasil, está meio complicado.

Frederico: Acho que o Brasil é um caldeirão de diversidades musicais, e o rock acaba não conseguindo se destacar. Tem coisas no Brasil, em termos de rock, que são muito boas, mas não reconhecidas. Se a gente for citar o Tim Maia, Ed Motta, poxa, são maravilhosos com a mistura do soul, samba, jazz. Tem outra coisa: os próprios brasileiros não valorizam o rock brasileiro. É a ideia de que tudo o que vem de fora é melhor.

A internet entra nessa história como facilitadora para vocês?

Esteban: Primeiro é que os sites estão no nível global, a nossa divulgação não é só no Brasil. E é de graça, isso facilita muito.

Frederico: A internet, na minha opinião, trouxe mais benefícios para a música do que malefícios. Quem se ferrou mesmo foram as gravadoras. O que mais dá dinheiro para a banda é o show. O cara grava um disco para ter um material de promoção do show.

Baiano: Eu acho que CD, atualmente, é puro simbolismo. No show é onde mora a verdade do artista.

Frederico: Todo mundo baixa música, ninguém vai acabar com essa nova relação. Então, o CD acaba se tornando objeto de colecionador. Em 1990, por exemplo, como você ia arranjar um disco de uma banda japonesa? Hoje, rapidamente, você põe no Youtube e ouve. Seleciona o que você quer escutar. Acho que o mercado fonográfico não acaba, mas vai mudar a maneira de se transmitir música e os parâmetros de boas quantidades de venda vão cair.

Baiano: Eu acho ofensivo colocar uma música sua na internet, o cara escuta 30 segundos e se ele quiser ouvir mais, vai ter que pagar R$1,99. No nosso caso, a gente quer sair no zero a zero. Queremos tocar a nossa música. E, se você pode pagar pelos nossos shows, ótimo.

Frederico: O propósito da música é divertir.

Baiano: Se a Black Viper for fogo de palha, já valeram os seis meses maravilhosos em que nós estamos na banda.

Frederico: Por outro lado, eu não quero ficar famoso.

Baiano: A gente já ganhou palavras que superam cachês. Você ouvir de um cara experiente em rock e ele falar: “Essa banda traz algo que eu não escuto há muito tempo no Brasil”.

Frederico: Teve uma menina da Indonésia que elogiou muito a banda!

Qual a fronteira entre entretenimento e arte?

Cris: Toda a forma de arte vai te entreter se você considera aquilo arte. Acho que está aí a questão.

Vocês têm um planejamento de show?

Frederico: Estamos abertos à proposta!

Baiano: Eu queria levantar uma questão. Tenho ódio de gente que quer ganhar dinheiro em cima de banda de garagem.

Cris: É verdade, rola muita picaretagem em evento de bandas undergroud. O cara chama a gente pra tocar e a banda, naquela ânsia de querer tocar, a gente aceita. E o dono do espaço exige que a gente venda para ele 50 ingressos a vinte reais. Aí, você chega no lugar, ele ta todo ferrado, a bateria andando, o som uma merda, sabe? A divulgação é nenhuma e o cara pode cortar o seu show.

Esteban: E, infelizmente, os festivais de rock do Rio seguem esse estilo. Os melhores estão fora da cidade do Rio e até do Estado.

Cris: E a banda que investe nessas coisas, está matando o seu próprio trabalho. Porque investir num show picareta que não dará retorno é burrice.

Baiano: Nós já chegamos a 38 mil views no myspace. Isso é bom registrar.

Frederico: É bom lembrar também que a Black Viper chegou no primeiro lugar da mais pouvida no ranking do myspace. Ficamos ao lado de bandas como Iron Maiden. Isso mostra a potência do nosso som. Mas, infelizmente, tomamos uma trolada do myspace. Deu erro no HTML.

Baiano: E nós que fizemos todo o layout do nosso myspace. Tem banda que paga R$900 para fazerem layout. Não precisa. Vamos se esforçar! Se podemos dar algum conselho, é determinação.

Esteban: A gente pesquisa muito, olha tudo. Investimos grana em divulgação, enchemos o saco nas redes sociais, além de comprarmos novos equipamentos.

Cris: O principal do som da gente é que a energia que a gente passa de sintonia no estúdio passa para o ambiente do ao vivo. E estamos melhorando cada vez mais nosso desempenho ao vivo.

Esteban: Todo nosso show a gente costuma gravar para ver onde é que estamos errando ao vivo. A gente testa o lugar antes, temos toda a matemática na cabeça.
Qual o recado para o público de vocês?

Cris: Muito obrigado!

Baiano: A gente quer, antes de terminar, chamar pessoas que toquem teclado, que sejam tecladistas para fazer um teste com a gente. Quem se identificar com nosso som, por favor, mandem email para nós: bandablackviper@gmail.com Nós estamos querendo e precisando de um bom tecladista. Manda telefone que a gente combina e estamos dispostos a fazer essa parceria.

Cris: Lembrando que estamos abertos a shows e festivais. Mas, não pagaremos pra tocar, isso não. O contato para shows é pelo facebook, myspace, pelo telefone: 9343-6634 ou email. Estão todos conectados sempre.

Baiano: Inclusive, queremos agradecer ao site Rio Rock Zone. Concorremos como a banda do mês de Junho e ganhamos. Nós concorremos com várias bandas do Brasil excelentes.

Baiano: A mensagem é obrigado, thank you, merci bocu, arigatô, todo mundo que nos ouviu, dentro e fora do Brasil, para nós é um orgulho muito grande. E continuem curtindo.

Frederico: A verdade é que são os fãs que nos movem. Não tem motivação maior do que as pessoas gostando do que a gente faz.

Com notório profissionalismo, a banda segue rumos assertivos e comprova que o laço, a amizade, traz maturidade e - no caso deles - faz rock. Realiza música.


LINKS RELACIONADOS:

http://www.myspace.com/blackviperofficial
http://www.riorockzone.blogspot.com/

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